MOVIMENTO ESTUDANTIL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
Nota pública do coletivo de paralisação
#PARALISARPARAMOBILIZAR
Diante das decisões divulgadas pelo reitor da UFRB no dia 26 de Setembro de 2011, deliberamos e entendemos que devemos uma explicação a sociedade e não somente a universidade.
O primeiro ponto refere-se à formação da mesa de negociação e da câmera Inter setorial. Nesta nota publica, a reitoria avalia que somente estas ações seriam necessárias para a plena comunicação. Esquece-se esta que, a multicampia, um sistema herdado da ditadura militar, onde os campi foram descentralizados serviam apenas para desarticular ideias importantes. Além disso, esta mesma reitoria esqueceu também que os estudante da UFRB ainda estão se organizando. No entanto, para alçar uma discussão foi preciso que embasássemo-nos com documentação necessária para apurar as irregularidades dos campi de Cruz das Almas, Cachoeira, Santo Antônio de Jesus e Amargosa. Ainda neste ponto a reitoria nos acusa de causar “prejuízos” administrativos, financeiros, sociais e acadêmicos. Contudo, avaliamos que o prejuízo maior quem sofre é a sociedade que deposita regularmente pagamentos via impostos e não sabe no que este dinheiro é aplicado. Prejuízo será formar profissionais sem qualificação colocando em risco essa mesma sociedade que não terá o retorno desejado.
A segunda questão colocada pelo reitor sobre a “ideia fixa” de falarmos somente da PROPAAE, não é descabida. Mesmo sendo pouco mais de 10% da população estudantil da UFRB a usufruir dos benefícios, entendemos a importância e a necessidade dessas politicas afirmativas e o quanto elas precisam ser ampliadas, visto que 70% dos estudantes da UFRB são originários das classes C, D e E, e aproximadamente 80% do corpo estudantil se declara afrodescendente. O que nos espanta é a reitoria utilizar a PROPAAE como manobra de retaliação para com este movimento. O Coletivo insiste em reafirmar que as dependências administrativas necessárias para efetivar os benefícios devem e podem executar suas atividades.
A terceira questão referente às agressões verbais ocorreu de ambos os lados. Se houve por parte deste movimento atitudes intempestivas pedimos publicamente desculpas. O nosso intuito era nos fazer ouvir diante da impossibilidade de permanecermos no mesmo local para discutir as melhorias que servirão tanto aos professores, servidores quanto aos estudantes. Discordamos ainda da informação que não existe uma representação única por parte do movimento. Temos vinte pessoas (efetivos e suplentes) que estão responsáveis para comparecer a mesa de negociação, sendo que presencialmente apenas dez participam dessas reuniões por vez. Lembramos ainda que o reitor deveria implantar o sistema de negociação proposto em 2008 quando as mesas eram abertas e democráticas congregando todos os estudantes.
O quarto ponto se refere à palavra “greve”, não estamos fazendo greve e sim paralisação. Não somos remunerados para fazer este movimento que é apartidário, independente e democrático.
O ultimo ponto trata da dissolução da mesa de negociação por parte do reitor. Nós do Coletivo de Paralisação reiteramos a importância e a necessidade de retomarmos as negociações a fim de estabelecer um diálogo e encontrar soluções acerca dos impasses.
Informamos ainda à sociedade que a ocupação da UFRB pelos estudantes está fundamentada em documentos da Controladoria Geral da União (CGU) que revelam irregularidades nas obras licitadas até o ano de 2009. Segundo a CGU, os resultados dos trabalhos que constam no relatório nº 245382, foi verificado que não há conformidade entre a documentação apresentada pela UFRB com as exigências do Tribunal de Contas da União (TCU). Foram destinados, através do Programa, "Brasil Universitário", que diz respeito a 87,4% (valor de R $83.945.054,00) dos recursos geridos pela Universidade no exercício de 2009 (total de R$ 96.088.427,00)”. A falta de desempenho da UFRB foi justificada varias vezes por “dificuldades técnicas e gerenciais e da carência de recursos humanos especializados”. Observamos que somente no campus de Amargosa, cujo terreno foi drenado para receber as instalações da UFRB, foram gastos cerca de 9 milhões de reais. Contudo, as instalações/estruturas não correspondem às verbas aplicadas, como exemplo o curso de Educação Física que não possui um complexo poliesportivo que é de suma importância para formação profissional. Já no campus de Cruz das Almas mesmo tendo disponível R$ 1.356.385,52 o complexo de laboratórios de Engenharia Florestal sequer tiveram as obras licitadas. Ainda no mesmo campus, uma verba destinada no valor de R$ 3.839.034,88 para construção do hospital de Medicina Veterinária não foi utilizada no seu total, pagando apenas á empresa o valor de R$ 259.796,97.
Ressaltamos ainda que os 96 milhões poderiam ter sidos administrados em reformas de prédios já existentes, aquisições de equipamentos, mobílias e outros gastos para a implementação dos campi. Isso sem citar os indícios de superfaturamento nas obras dos 7 laboratórios do campus de Cruz das Almas notificados pela CGU referentes ao relatório de 2010, entregue em março de 2011. O que nos faz perceber que a falta de laboratórios, salas de aulas equipadas, acervos bibliográficos e outros itens para a formação plena deixaram de ser adquiridos por falta de uma boa administração. Neste momento, estamos nos mobilizando para que os estudantes da UFRB possam efetivamente contribuir para o desenvolvimento do Brasil.
Queremos profissionais plenos para a sociedade brasileira, não apenas meros reprodutores de ideias abstratas. Continuaremos a divulgar o que está ocorrendo na UFRB para que a sociedade brasileira tenha pleno conhecimento dos investimentos federais. Todos nós pagamos impostos que se revertem em verbas para fazer o Brasil. Os investimentos na UFRB não são diferentes. Queremos uma UFRB decente.
27 de setembro de 2011