Anarquimo

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Terceirizar, Terceirizar, Terceirizar..., por Carlos Baqueiro


O tema da reestruturação econômica e industrial está cada dia mais presente no debate das relações internacionais. Como, por exemplo, harmonizar a economia internacional, ou seja, sem um país "levar vantagem" sobre outro, com a globalização da economia de um mundo de várias culturas? Como conviver pacificamente com culturas de homens para os quais o trabalho é um prazer, como no Japão, e outras culturas onde o trabalho, principalmente manual, é um mal necessário ? Isto em termos mundiais.Em termos nacionais o maior problema, me parece, é a consciência empresarial conservadora, que vê o lucro imediato acima de quaisquer outras variáveis dentro do processo produtivo. Este fenômeno provoca diversos efeitos desastrosos, pois a redução de custos para aumento do lucro se dá sempre em função ou da demissão do trabalhador ou do arrocho salarial. A terceirização tem assim no Brasil, talvez diferentemente de outros países, uma simples função. Redução de custos.Isto analisado estatisticamente seria bastante "científico". Por exemplo, a empresa 'A' terceirizou e teve um lucro líquido de 'X' milhões, enquanto a empresa 'B', que não tercerizou, obteve um lucro de 'X-1" milhões. Está claro que a terceirização diminui os custos.O que não está claro é com que efeitos. Ou melhor dizendo, não está muito claro para nós acadêmicos, que não nos debruçamos sobre a fábrica ou a oficina terceirizadas para observar os efeitos desastrosos a que são submetidas as vidas dos trabalhadores. Estes sim conhecem o significado prático do que seja a terceirização. Baixos salários, alta periculosidade, insuficiência alimentar, doenças ocupacionais, etc.Estes efeitos, os trabalhadores das empresas que prestam serviços (conhecidas significativamente como "gatas") conhecem porque convivem diariamente, semanalmente, anualmente, "pulando" de uma empresa para outra, numa altíssima rotatividade, quase sem direitos trabalhistas. A ignorância do trabalhador, o seu medo de participar de protestos, ou mesmo greves, são as bases de que se utiliza o empresário para manter este tipo de atitude contra os próprios trabalhadores.Nós, estudantes, universitários, historiadores, enfim, todos os trabalhadores, devemos entender este processo a partir do interior do campo analisado, difundindo nosso conhecimento etno-histórico, pois "nada mudará a sociedade se os mecanismos de poder que funcionam fora, abaixo e ao lado dos aparelhos de Estado a um nível muito mais elementar, cotidiano, não forem mudados" (FOUCAULT, Michel; Microfísica do Poder; Graal; 1992).Obs.: Mais informações e um artigo sobre terceirização em: http://www.geocities.com/appl-bahia/operario.html

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