Anarquimo

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Documentario "El Vindicador", de Osvaldo Bayer

Documentário sobre o jornal anarquista O Inimigo do Rei, publicado entre os anos de 1977 e 1988



Libertários, documentário que conta a história do Movimento Anarquista no Brasil nas primeiras décadas do Século XX






Entrevista à Federação Anarquista do Rio de Janeiro (FARJ)

A Federação Anarquista do Rio de Janeiro (FARJ) é uma organização específica anarquista da cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Fundada no dia 30 de agosto de 2003, a FARJ identifica suas origens na atuação de militantes como Ideal Peres (1925-1995), seu pai Juan Perez Bouzas (ou João Peres) (1899-1958), José Oiticica (1882-1957) entre outros. Também possui referências nas organizações políticas como a Aliança Anarquista, fundada em 1918, e o Partido Comunista libertário, fundado em 1919 (não confundir com o Partido Comunista reformista e eleitoral fundado em 1922). Possui também referências históricas nos sindicatos influenciados pelos anarquistas no início do século XX, como a Federação Operária do Rio de Janeiro (FORJ), fundada em 1906, em todo o caminho de busca do “vetor social do anarquismo” das décadas de 40, 50, e nas atividades pós-ditadura militar. 

Realizada por Jonathan Payn
(Frente Anarquista Comunista Zabalaza – ZACF, África do Sul)

Agosto a outubro de 2010

 
Jonathan (Jon): Para os leitores não familiarizados com o conceito de dualismo organizacional, vocês poderiam explicar por que a necessidade de construir uma organização política anarquista no Rio de Janeiro? E que tipo de processo que vocês tiveram que atravessar para chegar a essa conclusão e para formar a FARJ?
 
Federação Anarquista do Rio de Janeiro (FARJ): O termo dualismo organizacional, como se utiliza em inglês (organizational dualism) serve para explicar a concepção de organização que defendemos, ou o que classicamente se chamou da discussão entre “partido e movimento de massas”. Em suma, nossa tradição especifista, tem suas raízes em Bakunin, Malatesta, Dielo Truda, Federação Anarquista Uruguaia (FAU) e outros militantes/organizações que defenderam essa diferenciação entre os níveis de organização. Ou seja, um nível amplo que chamamos de “nível social” que é composto pelos movimentos populares e o que chamamos de “nível político” que é composto dos militantes anarquistas que se agrupam sob bases políticas e ideológicas definidas. 

Esse modelo baseia-se em algumas posições: de que os movimentos populares não podem estar dentro de um campo ideológico definido – e, nesse aspecto, nos diferenciamos dos anarco-sindicalistas, por exemplo; que eles devem se organizar em torno das necessidades (terra, teto, emprego, etc.) agregando amplos setores do povo. Esse é o nível social ou dos movimentos de massa, conforme se chamou historicamente. O modelo também sustenta que para o trabalho nos movimentos, não basta estarmos dissolvidos, ainda que nos reconhecendo como anarquistas, dentro deles. É necessário que estejamos organizados, constituindo uma força social significativa que nos facilitará a promoção de nosso programa e também da defesa dos ataques de adversários que possuem outros programas. No entanto, deve-se ter em mente que não defendemos que se participe de um ou outro nível; os anarquistas também são trabalhadores e fazem parte desse amplo conjunto que chamamos classes exploradas e, portanto, eles se organizam, enquanto classe, nos movimentos sociais. Ainda assim, como esse nível de organização possui suas limitações, os anarquistas também se organizam no nível político, enquanto anarquistas, como forma de articular suas idéias e trabalhos. 

A chamada organização específica anarquista não é nenhuma novidade no movimento anarquista. Suas origens estão na própria militância de Bakunin no seio da Primeira Internacional com a formação da Aliança da Democracia Socialista em 1868. Malatesta, desenvolvendo a tese da minoria ativa de Bakunin, também pensou em algo semelhante. Da mesma forma os russos exilados do Dielo Truda e a FAU, entre tantos outros. Este agrupamento específico de revolucionários antiautoritários baseia-se nas posições sobre os horizontes (objetivos), estratégias e táticas comuns. Ou seja, a organização específica anarquista não é nenhuma “invenção” recente, mas possui sua trajetória na consolidação do próprio anarquismo enquanto uma ferramenta revolucionária, remontando à atuação de Bakunin. 

No desenrolar histórico do movimento anarquista, esta posição foi preterida em diversos países em detrimento de uma posição que dizia que o “sindicalismo” (que abarcava o conjunto dos movimentos sociais) se bastava. Para nós não. Acreditamos que o dever da organização específica anarquista, o que Malatesta chamou de “partido” anarquista, é articular as forças dos anarquistas em torno de uma proposta em comum e estimular que os movimentos sociais avancem cada vez mais para além das suas reivindicações, podendo forjar as bases de uma transformação revolucionária. 

É importante frisar que o dualismo organizacional não pressupõe uma relação de subordinação ou hierarquia entre as duas instâncias mencionadas. Na compreensão do anarquismo, a organização específica anarquista e os movimentos sociais são complementares. A relação da organização específica anarquista pressupõe uma relação ética e horizontal, que implica não haver relação de hierarquia nem de domínio sobre as instâncias que esta participa. 

No Rio de Janeiro, os chamados anarquistas organizacionistas tentaram fundar organizações específicas anarquistas duas vezes; mas a repressão adiou seu projeto. Esses companheiros intuíam que o refluxo do sindicalismo revolucionário poderia também condenar o anarquismo. E foi exatamente o que ocorreu. O sindicalismo não se “bastou” e com o esvaziamento do sindicalismo revolucionário, o anarquismo entrou em crise, já na década de 30. Na década de 40 e 50, os companheiros do Rio de Janeiro (e também de São Paulo) fundam suas organizações específicas, mas estão completamente isolados dos movimentos sociais e se organizam para reverter este quadro. 

Na década de 60, o golpe militar e as condições do movimento anarquista postergaram o projeto da organização específica anarquista no Rio de Janeiro. Com o movimento completamente destroçado pelos anos da ditadura, as décadas de 80 e 90 foram décadas de aglutinação de novos e velhos militantes, feita principalmente pelo trabalho incansável e paciente de Ideal Peres. Era hora não só de retomar velhos debates, mas também as experiências de luta importantes que os anarquistas empreenderam, mesmo que não necessariamente agrupados em torno de uma estratégia comum (ocupações, grupos de educação popular, presença em sindicatos, etc). 

No início de 2001, entendemos que era o momento de dar um salto qualitativo, saindo do modelo de “centros de cultura” em torno dos quais vínhamos nos organizando desde os anos 1980 e conformar uma organização política mais adequada para o trabalho com os movimentos. Isso vinha se tornando cada vez mais evidente; era o caminho que deveríamos seguir. Tínhamos algumas experiências com trabalho social e com a decisão de que o anarquismo deveria ter por função impulsionar as lutas populares tornou-se evidente que deveríamos buscar algo com mais organicidade, com mais coesão, enfim, um instrumento que permitisse aprofundar o trabalho da maneira que se mostrava necessária. 

Foi então que diversos militantes do movimento anarquista no Rio de Janeiro se reuniram com a intenção de discutir a proposta de fundar uma organização. Eles já tinham certa experiência na militância social, mas faltava discutir qual seria o nosso modelo de organização. Um dos grupos se retirou do processo e resolveu fazer suas próprias discussões separadamente. Posteriormente fundaram a Federação Anarquista Insurreição, que depois se chamou UNIPA (União Popular Anarquista). O grupo que permaneceu e continuou com as discussões constituiu a FARJ em 2003. É importante ressaltar que a FARJ foi conseqüência de um acúmulo de no mínimo uma década anterior, de presença de anarquistas em diversos movimentos sociais no estado do Rio de Janeiro. 

Jon: Como vocês vêem seu papel – o papel da organização específica anarquista em relação aos movimentos sociais?
 
FARJ: O papel da organização específica anarquista é atuar como um catalisador das lutas sociais. Não acreditamos que as organizações políticas devam guiar as lutas ou dirigi-las, como reza a cartilha do marxismo-leninismo. A concepção de minoria ativa de Bakunin nos é muito grata neste sentido. A minoria ativa não impõe, não domina, não estabelece relações de hierarquia ou de mando dentro dos movimentos sociais. 

O papel da organização específica anarquista nos movimentos sociais também não é de ir a reboque de todas as posições dos movimentos que integra, mas de difundir e influenciar os movimentos com práticas libertárias (ação direta, autonomia, autogestão, etc), sem “doutrinarismos”. 

Isto implica uma enorme responsabilidade e pressupõe uma relação ética com estes movimentos. Isto também nos conduz ao inevitável papel de contribuirmos com a luta contra qualquer tipo de aparelhamento dos movimentos sociais, combatendo a burocracia, estimulando a organização interna do movimento, e trabalhar para que os movimentos caminhem sempre com suas próprias pernas. 


Baixe o Programa da FARJ:  



Livros em PDF da Editora Faísca

Livros em PDF da Editora Faísca

Friday, October 1st, 2010
SOBRE A POLÍTICA DE ALIANÇAS – Problemas em torno da construção de um pólo libertário de luta

José Antonio Gutiérrez Danton



Para baixar o PDF do livro, clique aqui.
DA PERIFERIA PARA O CENTRO – Sujeito Revolucionário e Transformação Social

Felipe Corrêa



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REVOLUÇÃO CUBANA – Mais à esquerda que o Castrismo

Júnior Bellé



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POLÍTICA ANARQUISTA E AÇÃO DIRETA

Rob Sparrow



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DE MOVIMENTO A PARTIDO POLÍTICO – Notas sobre alguns Movimentos Verdes Europeus

Janet Biehl



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EM TORNO DA VIGÊNCIA DO SOCIALISMO LIBERTÁRIO / DEFINIÇÕES DE UM COMPANHEIRO

Gerardo Gatti



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FEMINISMO, CLASSE E ANARQUISMO

Deirdre Hogan
Revolutionary Anarcha-Feminist Group (RAG)




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DOMINGOS PASSOS: O “BAKUNIN BRASILEIRO”

Renato Ramos & Alexandre Samis




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HUERTA GRANDE – A IMPORTÂNCIA DA TEORIA

Federação Anarquista Uruguaia – FAU



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O QUE É IDEOLOGIA? Federação Anarquista Uruguaia – FAU


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ANARQUISMO E ANARQUIA
Errico Malatesta



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O QUE É ANARQUISMO?

Nicolas Walter



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domingo, 5 de junho de 2011

do Chile: Informação atualizada sobre o que acontece com Luciano Pitronello

Comunicado: 
Luciano Pitronello

 
Luciano Pitronello [conhecido também como Tortuga, Tartaruga] foi transferido no dia de ontem (2), com risco de vida, desde a Posta Central até a Clínica Indisa, na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), que é mantida sob constante vigilância da polícia. Luciano recebeu o apoio de algumas pessoas que vieram para o hospital antes dele ser transferido, gritando algumas palavras de ordem e mantendo o clima de tensão devido à presença da polícia. 
 
Tortuga ainda permanece em coma induzido e a sua família pediu expressamente que não se entregue nenhum tipo de informação à imprensa. 
 
A informação do seu estado de saúde é reservada, a clínica é proibida de falar sobre o assunto. Sabemos que, para além da amputação das mãos, ele teria realizado um exame de córneas, que respondeu de forma positiva e com indícios que possa não existir perda total da visão. Além das queimaduras em seu corpo e rosto, tem queimaduras graves nos pulmões devido à inalação de ar quente, comprometendo as vias respiratórias. 
Luciano Pitronello sendo transferido
 
A noite do dia de ontem foi encontrada a motocicleta em que Luciano alegadamente chegou à cena da ação com outra pessoa para executar o ataque. Esta foi transferida pelo GOPE (Grupo de Operações Policiais Especiais), e está sendo periciada. 
 
Enquanto tentam vinculá-lo com os companheiros e companheiras implicados no “Caso Bombas”, notamos o desespero do governo para tentar tirar o máximo de proveito do episódio. A imprensa, como sempre, tem sido responsável pela publicação de notícias com o fim de preparar o terreno para a repressão. Tortuga é uma pessoa de idéias e convicções, e não um link de uma suposta associação. 
 
Solidariedade com o companheiro Luciano. 
 
Força! 
 
agência de notícias anarquistas-ana

Imagens Youtube